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Allegro - QUINTQ-FEIRA 2 DE ABRIL DE 2015 A QUINTA-FEIRA 9 DE ABRIL DE 2015



MARQUESAS - TAHUATA

Depois de 28 dias de mar, de Galápagos para as Marquesas, chegámos à Ilha de Tahuata na madrugada de dia 2 de Abril: às 03.30 hora de Galápagos, e à meia noite, hora das Marquesas. Aqui são UTC menos 09.30 h.
Chegámos à Baía de Hana Moe Noa, onde pernoitavam vários barcos da frota da World ARC depois de no dia anterior terem tido o Rendezvous numa baía mais a Sul. Ninguém acordou em nenhum dos barcos e, ajudados pelo luar, fundeámos sem problemas em cerca de 10 m, e deitámos-nos a descansar, que bem precisávamos.
Acordámos de manhã, com a voz do Rui lá fora a falar francês com alguém, e pensámos que estaria a comprar fruta a algum indígena. Quando chegámos lá fora, é que percebemos: tinha sido a Sarah do Makena que tinha vindo no dinghy trazer-nos fruta, legumes, leite, pão, manteiga, ovos, tudo aquilo que achou que estaríamos há mais tempo a precisar. Foi uma surpresa fantástica! Pouco depois, o Casper do Aretha trouxe também uma toranja e uma papaia grandes, e… um jerrycan com gasóleo! Finalmente, apareceram o Jean e a Christiane do A Plus 2, com os habituais chocolates, que já se transformaram numa brincadeira entre nós! A recepção não podia ter sido mais calorosa e amiga! Ficámos encantados!
E, para terminar em grande, fomos convidados para tomar o pequeno almoço a bordo do Makena, um catamaran de 65 pés, onde foram chegando as tripulações do Aretha (os pais, os 3 filhos - 9, 8 e 3 anos, e uma amiga), do A Plus 2 (Jean e Christiane) e do Exody (Peter, Marian e um amigo). Assim, pudemos conviver com todos enquanto bebíamos cappuccinos e comíamos fruta e crepes feitos pela Sarah, que estavam uma delícia! O Luc veio-nos buscar e trazer ao barco. O Kai, o filho de 1 ano que temos vindo a ver crescer ao longo da viagem, está mais crescido, mas ainda não anda (já houve apostas quanto à data em que começaria a andar, mas ninguém acertou!). A bordo do Makena vive também o David, pai da Sarah.
Do alto do andar superior do Makena vimos mantas grandes a nadarem à superfície, com a parte inferior muito branca bem visível enquanto nadavam majestosamente. Muito bonito! Vimos também uma tartaruga grande e vários golfinhos. Tudo isto numa água duma transparência incrível!
Depois chegou a hora de irmos embora, depois de um banho de mar com “snorkeling”, durante o qual vimos peixes de várias cores e feitios.
Levantámos ferro e… estava anormalmente difícil e pesado. O ferro tinha trazido para a superfície, encaixado nele, um enorme bloco de coral!
Com a ajuda do Jean e da Christiane no dinghy deles, conseguimos que se soltasse, e pudemos seguir viagem, com muita pena de não podermos ficar com a frota… Mas tínhamos que ir fazer o check in, abastecer de gasóleo e comes e bebes, na Ilha de Hiva Oa.

MARQUESAS - HIVA OA

Um plano simples, aparentemente. Chegar lá, abastecer, dar uma vista de olhos pela ilha, ir à internet e ao supermercado, e seguir viagem para as Tuamotus.
Mas… Era Páscoa! E Páscoa na Ilha de Hiva Oa significa feriados de 5ª a 2ª inclusive, com tudo fechado, incluída a única estação de serviço da ilha!…

A Ilha de Hiva Oa é uma ilha alongada, no sentido Este-Oeste, com 23 milhas de comprimento, fazendo uma espécie de virgula à volta da enorme “Baie des Traitres” aberta a Este e exposta aos ventos dominantes. As costas são escarpadas, os abrigos pouco numerosos, e o único ancoradouro abrigado é a Baía de Tahauku, na proximidade da vila de Atuona (a 4 Km), aberta a sudoeste e pouco profunda, que tem um pequeno porto, estação de serviço com uma loja pequena, mas bem abastecida, com as coisas básicas para um reabastecimento (por incrível que pareça, aí encontrámos Magnum Double Chocolat, o gelado preferido do Luís!), água potável, um duche público rudimentar, e o pior pontão para dinghys que encontrámos até agora!
Há dois pontões para dinghys, um de madeira mais perto da estação de serviço e outro de cimento mais perto do local que serviu de “escritório” primeiro para WCC, agora para o Blue Planet Rally (organizado pelo Jimmy Cornell).
Em qualquer deles há parafusos, pregos e enormes irregularidades que facilmente perfuram os dinghys!
Todos os anos (este também) acontecem esses acidentes e nada se faz para o evitar. Quando se regressa de terra nunca se sabe o que se vai encontrar.

Fundeámos nessa baía, com ferro à proa e à popa, em 5 m de água.

À chegada contactámos a Sandra por VHF, um contacto indicado pela Rally Control, e que muito nos ajudou. É também ela que trata da lavandaria, pelo que, mal a vimos, na 6ª Feira de manhã, lhe entregámos logo os vários sacos de roupa acumulados em 4 semanas de viagem.
Levou-nos à “Gendarmerie” fazer o check in da Polinésia Francesa. Aí encontrámos os polícias mais simpáticos da viagem. Ela, mais nova, mas a chefe do posto, era daqui da Polinésia. E ele, presumivelmente vindo de França visto que não falava muito polinésio, também muito simpático e prestável. Num instante, agradável, se despachou a burocracia necessária.
Mas, em relação ao papel que nos isenta de pagar o imposto do gasóleo, o que se traduz em gasóleo a metade do preço, esse tinha que ser tratado na “Mairie, e só ficar pronto na 3ª Feira, dia 7, ao início da tarde. E como entretanto chegou o barco grande que abastece a ilha, a estação de serviço fechou para ser abastecida. E, portanto, só na 4ª Feira, dia 8 de Abril pudemos, finalmente fazer o abastecimento de gasóleo!…

A vila de Atuona é pequena, constituída essencialmente por uma estrada principal, ao longo da qual se encontram, além da “Gendarmerie” e da “Mairie”, supermercados, pequenas lojas razoavelmente abastecidas, um posto de correios, um Banco com ATM, a agência da “Air Tahiti”, farmácia, um pequeno hospital, um centro cultural dedicado a Paul Gauguin, que aqui viveu no início do século XIX, e o cemitério onde se encontram os túmulos de Gauguin e de Jacques Brel, que viveu nesta ilha durante os seus últimos 3 anos. Também nessa estrada se encontra o “Salon de Thé Chez Eliane”, uma espécie de armazém arranjado com mesas e sofás, onde se comem uns bons crepes e, principalmente, o único local público com (medíocre) acesso à internet.

Conseguimos ir à internet nesse local no Sábado de manhã e na 3ª Feira dia 7, porque nos outros dias esteve fechado.

Queríamos ter ido visitar o centro cultural Gauguin, mas com tantos feriados não conseguimos.

Os supermercados abriam geralmente durante a manhã, mas havia rotura de vários stocks, nomeadamente coisas tão simples como batatas e cebolas, porque estavam à espera do barco de reabastecimento. Só na 3ª Feira o comércio retomou o ritmo normal.

No Domingo de Páscoa fomos dar uma volta pela Ilha, num carro com condutor que nos serviu também de guia.
A Ilha de Hiva Oa é montanhosa, com um relevo muito irregular, coberta de floresta virgem, mangais, pinheiros da Polinésia nos locais mais elevados, e toda esta vegetação é densa e exuberante.
As estradas têm alguns troços em cimento, e outros em terra batida, e esta é a razão porque quase só se vêem carros de todo o terreno, com tracção às 4 rodas.

Fomos ver os “Tikis”, estátuas em pedra de figuras humanas, representando sobretudo deuses, chefes tribais ou guerreiros. Vimos um primeiro Tiki isolado, chamado “Tiki sorridente”, uma figura feminina, com cerca de 1 metro de altura, situada próximo de um antigo altar de sacrifícios, constituído por enormes pedras planas sobrepostas.
O nosso condutor levou-nos, depois, a ver o aeroporto da ilha, Aeroporto Jacques Brel, um aeroporto pequeno, muito simples e curioso, nomeado assim porque o cantor belga Jacques Brel, além de ter vivido aqui alguns anos, era piloto, e participou em várias ajudas humanitárias com o seu avião.

Seguimos depois para o lado norte da Ilha, para Puaumau, pequeno porto, conhecido por aí se situar o maior conjunto arqueológico da Ilha, um santuário com inúmeros “Tikis”.
Numa das aldeias por onde passámos, havia uma festa de Páscoa, constituída por um grande almoço comunitário, onde se encontrava o Bispo das Marquesas. Quando nos viram, convidaram-nos para partilhar do almoço deles. Foi um convite que não podíamos recusar. Assim, provámos frango com papaia verde e molho de leite de côco, arroz à cantonês, uma delícia, banana frita e vários outros petiscos. A grande maioria da ilha é católica, mas existem também anglicanos, mormons e a igreja evangélica.

Almoçámos em Puaumau, um picnic levado pelo condutor, onde se destacaram as mangas e as toranjas, que eram óptimas!

De regresso ao barco, foi jantar e descansar. Isto é, era para ser…
O Luís ligou o motor para carregar baterias, e passado algum tempo detectou uma fuga de gases de escape por uma fenda na panela…

Na 2ª Feira, a Sandra arranjou-nos um mecânico, que trabalha no aeroporto, e que veio à tarde. Em dois tempos tirou a panela de escape e levou-a com ele para soldar. Trouxe-a de volta no dia seguinte ao fim da tarde, recolocou-a, e parece estar a funcionar bem.
E já agora, que tínhamos o dia estragado, veio de manhã um técnico de frio arranjar o congelador, que parece estar a funcionar novamente. Só não pudemos experimentar durante tempo suficiente porque estávamos em contenção de energia, enquanto não abastecêssemos.

Na 4ª Feira dia 08, conseguimos finalmente abastecer o barco de gasóleo! Isso significou cinco viagens de dinghy até ao pontão perto da estação de serviço, com 5 jerrycans de cada vez, que tiveram que ser carregados à mão porque não há qualquer carrinho que facilite a tarefa. Mas o pior aspecto de todos é o facto de os pontões para dinghys desta ilha serem umas autênticas armadilhas para os pobres barquitos. Todos os anos vários barcos se furam ou rasgam naqueles pontões.

Depois de todas estas viagens, acabou-se o gasóleo na bomba! Felizmente já tínhamos o necessário para nós, só 2 jerrycans ficaram por encher.

À tarde fomos, o Rui e eu, ao supermercado abastecer. Nesta ilha não há táxis. Pede-se boleia, e geralmente alguém nos leva. Desta vez tivemos a sorte de quem nos levou se ter disposto a esperar por nós e a trazer-nos de volta. Chamava-se “A P” (?) e disse que ia fazer de nosso táxi. E assim foi!
À chegada ao dinghy, mesmo quando tínhamos acabado de meter os sacos e caixas todos lá dentro, caiu uma chuvada súbita e torrencial, que nos encharcou em dois tempos, assim como às nossas compras. E os albóis tinham ficado abertos… (pois é RS!) Enfim, compras e barco molhados, mas barco abastecido, que é o que importa.

Hiva Oa já chega!
Amanhã levantaremos ferro (foi o que pensámos no dia 08).


MA+LA



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